Somos quem somos, a partir das histórias que nos contam

"Ninguém tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender." (Raul Seixas)

Na verdade Raul, vou ter que descordar! Durante toda o nosso desenvolvimento, vamos ouvindo histórias de quem e como somos. Essas histórias são contadas pelos nossos pais, amigos, familiares, colegas...Se somos uma criança arteira, falante, tímida, se temos dificuldades ou facilidades... E tendemos a comprar esse discurso como características que nós temos. Porém, essas mesmas histórias são contadas a partir da expectativa, desejo e visão de mundo do outro. Então, CUIDADO COM A HISTÓRIA QUE VOCÊ ESTÁ COMPRANDO PARA SI!

Por exemplo, desde a infância eu ouvia de pessoas da família, colegas de escola, professores ... "A Nathi é muito séria/fechada". De fato, fui uma criança introvertida, mas não necessariamente fechada. Porém comprei essa narrativa, como algo que fazia parte de mim. Ao longo dos anos, crescendo e fazendo meu processo de terapia, pude perceber que na verdade esse discurso não era meu, mas sim das pessoas ao meu redor. E que esse discurso acabava fazendo com que eu me comportasse de forma mais fechada, reforçando naquela narrativa inicial. "Ok, Nathi, mas onde tu quer chegar com tudo isso?"

Quero chegar na possibilidade da Terapia Narrativa, criada por Michael White e David Epson em meados da década de 80. Uma das premissas fundamentais é que cada pessoa, família ou instituição entende sua identidade a partir das narrativas que cria sobre as coisas que lhe aconteceram. Na minha prática clínica, utilizo técnicas da terapia narrativa para junto com a família, indivíduo ou casal, explorar as narrativas que estão presentes na sua vivência e também na situação de conflito. A partir dos recursos internos de cada um, possibilitar a construção de novas histórias, novos significados às situações difíceis. Como se pudéssemos abrir a possibilidade de ver a mesma história por mais de um ângulo, acessando e acolhendo as emoções, sensações e percepções.

"Então, vamos juntos construir novas narrativas, mais generosas com nós mesmos?"

Psicóloga Nathiele Tapia Schönhofen

CPR 07/28291