Para amar e ser amado é preciso estar disponível
- Nathiele Schönhofen
- 5 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
"Relacionamento é para quem está disposto"

Um dos pontos que mais tenho observado ao longo da prática clínica, tanto com pacientes individuais adultos quanto com casais, é que relacionamento é para quem está disposto.
Disposto ao quê? Vocês devem estar se perguntando...
Disposto a entrar em contato com teus sentimentos, se perceber vulnerável e muitas vezes se mostrar vulnerável... Pois bem, relacionamentos são para pessoas dispostas a investir tempo, afeto e empenho na relação. Sim, relacionamentos precisam de manutenção de vínculo, comunicação, flexibilidade, respeito, transparência sobre até onde se está disposto a ir ou não, combinações claras sobre os limites da relação...
Na prática é estar disposto a se fazer presente, sair, visitar, responder mensagem do outro, assistir aquele filme que talvez não assistisse se estivesse sozinho, experimentar comida diferente, conhecer os amigos.... É aprender a comunicar as dores, sem que sejam projéteis.... Eventualmente, é abrir mão de velhos conceitos para conhecer o universo do outro, mas também é trazer o outro para conhecer o teu.
Relações amorosas são uma ótima experiência, mas precisam de investimento.... As vezes não estamos dispostos, e está tudo bem. Ahhh, mas quando acontece o encontro de dispostos... é incrível!

"Ahh Nathi, mas eu estou disposto/a a tudo isso que tu citou aí e até mais...mas não encontro ninguém, tem alguma coisa de errada comigo?"
Calma, respira! É importante você poder observar como andam as tuas expectativas em relação aos relacionamentos, às pessoas, o que você esta buscando nas pessoas que você tem se relacionado. As vezes vai acontecer de você se interessar em ter algo mais sério e o outro não, as vezes o outro vai querer e talvez você não queira, está tudo bem. Quanto mais claros puderem ser em relação a isso, melhor.
Lembro de uma conversa com amigos, sobre deixar as intenções claras, e ouvi o seguinte argumento:

"Ahh mas se eu for sincero demais não vou conseguir comer com ninguém".
Bom... isso é relativo! Hoje em dia há maior liberdade sexual, abertura às relações casuais como parte do cotidiano... Torna possível encontrar pessoas dispostas só ao sexo casual... logo esse argumento nem sempre cola. O que me faz pensar, muitas vezes essa falta de clareza acaba esbarrando no fenômeno muito conhecido hoje como Ghosting... ou do termo mais popular "dar um perdido", "vácuo", "chá de sumiço".
E sinceramente... sabe qual é um dos grandes problemas disso? Lembram aquele item da vulnerabilidade que comentei ali no início? Pois então... fica difícil se mostrar vulnerável ao outro quando, com frequência, tem a experiência do sentimento de abandono, de ser usado pelo outro...
"Ahhh mas eu não sou obrigado a gostar" - Com toda certeza, ninguém é obrigado a nada, mas fazer o outro de bobo também não é legal.

Para se sentir amado pelo outro, precisamos primeiro reconhecer esse sentimento em nós mesmos.
Vocês já devem ter ouvido aquela frase famosa " De todos os amores, primeiro o próprio". Pois então...não só por uma questão de autoestima, mas também de reconhecimento. Como posso oferecer ao outro algo que desconheço? Fica um tanto complicado.
Cada um de nós tem um jeito de sentir e expressar afeto, amor, carinho, tesão... ao longo da nossa vida, vamos encontrar pessoas com jeitos parecidos com o nosso e outros nem tanto... Por isso a importância de ter um canal de comunicação com tuas parcerias. O casal não deve se comunicar somente para ter a famosa DR (discutir a relação), mas principalmente para falar do que é bom, que gostam na relação com o outro, como conseguem dar vasão a esse amor e lembrarem porque escolhem seguir nesta relação.

Nathiele Tapia Schönhofen
CRP 07/28291
Psicóloga Clínica
Esp. Terapia individual, família, casal e sexualidade
Esp. Neuropsicologia
Comments