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Escola é lugar para falar sobre sexo?

  • Foto do escritor: Nathiele Schönhofen
    Nathiele Schönhofen
  • 10 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura


"Educação sexual não é ensinar sobre o ato sexual em si"

Durante a conclusão da especialização em Terapia de Casal e Sexualidade, decidi me debruçar sobre os temas da sexualidade, transgeracionalidade e comunicação. Buscando entender se a forma como abordamos o tema com nossos filhos, crianças e adolescentes, pode influenciar na vivência saudável da sexualidade. Dada a importância do tema, decidi aos poucos ir compartilhando nesse espaço algumas das descobertas teóricas e questões para discutirmos sobre o tema. Lembrando que o conteúdo trazido não será como verdade absoluta, mas um viés pelo qual podemos iniciar essa discussão que é tão necessária, principalmente em tempos atuais.


A ideia de implementar a educação sexual nas escolas vem sendo discutida desde a década de 80. Ainda hoje o tema conta com diversos atravessamentos e discussões, mas de fato ainda temos um caminho longo até que a educação sexual possa ser incluída no currículo escolar.

Alguns dos atravessamentos apontados por Santos et al, 2019 e Vieira et al, 2016, estão: religião, médica, pedagógica e política.


O atravessamento Religioso, segue tendo a forte base moral e eclesiástica; enquanto a base Médica prioriza elementos biológicos e fisiológicos, muitas vezes fornecendo medicações para disfunções sexuais e não tão voltada as causas além do biológico.

O atravessando Pedagógico, segue na tentativa de aproximar e desenvolver projetos dentro das escolas, que possam contemplar a educação sexual e demais temas da sexualidade; Por fim mas não menos importante, o atravessamento Político, ligado diretamente aos movimentos culturais e representações sociais da sexualidade, permite um (re)pensar sobre valores, discriminações e preconceitos, estimulando a vivência da sexualidade de forma saudável, prazerosa, com liberdade e responsabilidade.


Depois de toda minha pesquisa teórica e discussão do tema com colegas, penso que antes de nos perguntarmos se escola é lugar para falar sobre sexo, precisamos dar um passo para trás e voltar o olhar para família. Onde a família deve ter o papel de lugar seguro para falar sobre o corpo, consentimento, sexo e sexualidade. Falar sobre as partes do corpo: vulva, vagina, pênis, ânus, seio, bunda... não deveria ser algo que envolve tantos tabus, são partes do corpo como quaisquer outras, mas que envolvem uma noção de limite e privacidade que precisa ser conversada em todas as idades.


A tirinha muito bem bolada pela artista Cecília Ramos (@cartumante, no Instagram), ilustra o que ainda hoje passa pela fantasia de muitos adultos quando falamos sobre educação sexual infantil.

"Falar sobre corpo, sexo e sexualidade com seu filho/filha, pode protegê-lo de diversas formas de assédio e abuso"

Educação sexual infantil não é ensinar sobre o ato sexual em si, mas sim poder construir a ideia de que temos partes do nosso corpo que não podem ser tocadas por qualquer pessoa ou em qualquer circunstância; É poder ensinar que se um "carinho" faz com que a criança se sinta envergonhada, triste, com raiva ou confusa, ele não devo acontecer. Se é um "carinho" que o adulto pede para ficar em segredo, não é algo que deva estar acontecendo.


Acredito que o diálogo é sempre a melhor opção em qualquer situação, enquanto os silêncios criam muros e afastamentos importantes. Portanto, se posso deixar uma dica, conversem sempre, mantenham o canal de comunicação aberto... E principalmente, se alguma criança e/ou adolescente se aproximar para contar que algo estranho está acontecendo, por mais difícil que seja para você, procure ouvir com atenção e jamais culpe a criança por isso.


Psicóloga Nathiele Tapia Schönhofen

CRP 07/28291




Referências:

Santos, V. M. M., Carvalho, G. D., Fávero, M., Gomes, V., (2019). Dicionário de educação sexual, sexualidade, gênero e interseccionalidades. 1. ed. - Florianópolis: UDESC


Vieira, K. F. L., Nóbrega, R. P. M. D., Arruda, M. V. S., & Veiga, P. M. D. M. (2016). Representação social das relações sexuais: um estudo transgeracional entre mulheres. Psicologia: Ciência e Profissão, 36, 329-340.https://doi.org/10.1590/1982-3703001752013





 
 
 

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